domingo, 27 de abril de 2008

terça-feira, 22 de abril de 2008

José Cardoso dias (poesia)

Carta dos Trabalhos do Olhar (excerto)

levanto as mãos no meu sonho
e uma ferida de água nas pontas dos dedos
durará aqui como um beijo imaginado
lembrando correndo dormindo
falo da outra face dos rios
de coisas velozes como a terra onde dói um sorriso
onde a noite se dobra nítida ao fervor das sementes
onde o corpo adivinha essa cor rasgada nos lençóis
depois olho-te em segredo
respiro o que tu respiras
escrevo essas palavras adormecidas no ar.

Troy Paiva (fotografia)




Edward Burtynsky (fotografia) I




segunda-feira, 14 de abril de 2008

David Mourão Ferreira (poesia)

Cedros, abetos,
pinheiros novos.
O que há no tecto
do céu deserto,
além do grito?
Tudo que é nosso.
São os teus olhos
desmesurados,
lagos enormes,
mas concentrados
nos meus sentidos.
Tudo o que é nosso
é excessivo.
E a minha boca,
de tão rasgada,
corre-te o corpo
de pólo a pólo,
desfaz-te o colo
de espádua a espádua,
são os teus olhos,
depois o grito.
Cedros, abetos,
pinheiros novos.
É o regresso.
É no silêncio
de outro extremo
desta cidade
a tua casa.
É no teu quarto
de novo o grito.
E mais nocturna
do que nunca
a envergadura
das nossas asas.
Punhal de vento,
rosa de espuma:
morre o desejo,
nasce a ternura.
Mas que silêncio
na tua casa.

James Siena (arte abstracta)




Bill Thompson (escultura)




domingo, 13 de abril de 2008

sábado, 12 de abril de 2008

terça-feira, 8 de abril de 2008